À minha primeira questão Quem sou eu?

À minha primeira questão Quem sou eu?
não posso responder mas ela inclina as minhas pobres lâmpadas
para o cerne obscuro de uma obscura folhagem
Se imagino que alguém poderá estar no silêncio
sinto que ele é um ser neutro e anónimo
muda testemunha ausente
e alheia ao que eu sou A um duplo de mim próprio
São os outros os amigos e amantes que me respondem
mas o que me dizem vai sempre além do que eu sou
e assim o espaço do que sou é um deserto
e vejo a minha figura como um espectro oscilante
Sou cada vez mais uma sombra um compartimento vazio
a indolência do ser o que não quero ser
os braços na cabeça um ovo frágil e cinzento
Ó preciosa fragilidade
do que poderia ser
se Deus me iluminasse com o seu hálito
e eu respirasse o silencio da sua face!

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