A matéria do desejo

Há palavras com que procuramos navegar: distância, sombra, lâmpada, vazio. E às vezes abrem-se repentinos corredores, no silêncio de uma nuvem veneranda. E se toda a ciência é esquecimento que por dentro torna tudo grande e por fora rasga varandas brancas para um horizonte que nunca foi pensado, é porque em nós subsistem estrelas de água que sob os arcos da noite demoraram. E então o olhar regressa à fonte com a força grave e limpa de estar vendo a matéria mesma do desejo numa colina que se espraia sob a brisa e não é ainda um nome e já o inicia.

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