No jardim

Flutuávamos errantes e vazios nas leves lufadas da folhagem e entre espelhos opacos e redondos feitos de argila e pedras com urtigas. Os murmúrios obscuros, os rumores dispersos casavam-se ao olvido e à espessura do longínquo. No aroma da hora flutuávamos devagar e se nos abraçávamos as coniventes cortesias vegetais tornavam-nos vegetais. Sentíamos no peito os majestosos montes e o mar estava perto entre duas colinas. Às vezes as nossas pálpebras desciam para reter a luz a suave corrente que de tão longe vinha, do diadema do mundo. Cada pedra nos dizia o solitário solo e a imobilidade pura de um nupcial sossego.

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